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Atualizado: 10 de abr. de 2020

Podcast de Os Passos de Anchieta

A cada passo um encontro consigo mesmo.

Eu sempre ouvia os comentários de que esse caminho atraia centenas de peregrinos. Até que em 2017, resolvi, pela primeira vez, participar da caminhada coletiva oficial de "Os Passos de Anchieta”.


Antes de conhecer o caminho, a impressão que eu tinha, era de que a caminhada fosse como uma procissão de Corpus Christi, daquelas em que o padre carrega uma imagem de um santo, e é seguido por uma aglomeração de mais de três mil fiéis rezando, por todo percurso entre Vitória e Anchieta.


No primeiro dia da caminhada, eu cheguei à frente da Catedral Metropolitana, que é o ponto de inicio do caminho e encontro uma multidão de peregrinos aguardando a benção do padre antes de iniciar o Caminho.


Olhei para tudo aquilo e pensei... Isto aqui está igual a uma largada de maratona. Julgava, sem saber, que seria bem complicado caminhar no meio daquela aglomeração de pessoas.


No inicio, realmente foi bem difícil de manter o meu ritmo de caminhada, já que foi preciso desviar das pessoas mais lentas; às vezes, ultrapassei por fora da calçada quando não havia mais espaço, entre outros obstáculos…


O Caminho seguiu em compasso de procissão até a subida do Convento da Penha, depois disto, os caminhantes se dispersaram. Passamos por um trecho de praias urbanas com dezenas de quiosques, repleto de banhistas e muito barulho.


Eu estava muito determinado a ultrapassar todos os obstáculos e dificuldades do caminho. Para mim, esta foi à fase de provação, como aquelas crises que você tem que passar antes de conseguir atingir o seu objetivo.


No segundo dia, "cheio de gás", saímos caminhando da Barra do Jucu em direção à Praia de Setiba. O percurso é um convite à contemplação da natureza é todo na areia, passando por praias praticamente desertas e de encher os olhos.


Para refrescar do sol, retirei as sandálias e me pus a caminhar com os pés descalços e molhados com as águas salgadas do mar.

Segui a caminhada pela praia até a lagoa de água doce, onde tomei um belo de um banho, retirando todo o sal do mar e suor do corpo; era como se tivesse lavando a alma e o espírito.


No meio do caminho encontro com uma mulher, que hoje já é considerada uma "lenda" do Caminho de Os Passos de Anchieta. Ela percorre o caminho carregando sua mochila em cima de sua cabeça, com todo o peso de seus pertences.


Está sempre de bom humor, alegre, atenciosa e simpática com todos os peregrinos que sempre pedem para tirar uma foto com ela.


Caminha sem se preocupar com o futuro, sem saber o que vai comer e onde dormirá ao final do dia.


Ela conta com a ajuda das pessoas e, sempre encontra alguém da comunidade, que a oferece um local para tomar banho, jantar e dormir, e assim recuperar as energias para a caminhada do dia seguinte.


O Passos de Anchieta para ela é de total desprendimento e de muita solidariedade.


No terceiro dia, caminhando sozinho, por um longo trecho comecei a "falar com os meus botões", fazendo uma reflexão interior e avaliando os meus propósitos.


Cheguei cansado na Praia de Meaípe, mas feliz por desfrutar da beleza de uma das praias mais bonitas do país. Como prêmio, fui saborear uma bela moqueca capixaba.


No ultimo dia de caminhada, a ansiedade de terminar logo o caminho desapareceu, assim que pude vivenciar o carinho e a solidariedade dos moradores de Anchieta, que ofereciam comidas e bebidas produzidas na região a todos os caminhantes, e eu, muito curioso, experimentei de tudo que era me oferecido.


O caminho termina depois de subir as escadarias do Santuário de Anchieta, onde fomos recepcionados com confetes, flores e muitas frutas.


Chegada a hora de me despedir, tive uma sensação de bem-estar, felicidade e de dever cumprido.


Um pensamento que acelerou na minha mente é que “Os Passos de Anchieta”, é um caminho de:

  • Contemplação da natureza,

  • Solidariedade,

  • Introspecção e reflexão.


Depois de percorrer o caminho, toda impressão negativa que tinha antes de percorrer o caminho foi desfeita.


E na minha opinião, “Os Passos de Anchieta” é um caminho:

  • bem organizado,

  • que atende os mais exigentes caminhantes,

  • com ótima infraestrutura,

  • bem sinalizado,

  • com pontos de apoio, de água, frutas, banheiros e

  • massagens relaxante ao final de cada etapa".


Bom, depois de conhecer como foi o meu caminho, eu te pergunto:


O que você pretende fazer no próximo feriado de Corpus Christi?

Vamos lá!


E bom caminho para você e bom caminho para sua vida!


Paulo Bertechini


Obs: Se quiser participar da próxima edição de Os Passos de Anchieta”, recomendo entrar em contato com o Lilico da ABAPA - Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta, ABAPA – www.abapa.org.br »





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O inverno não é considerada a melhor época para fazer o Caminho de Santiago de Compostela, o frio é rigoroso, muitos albergues estão fechados e necessita uma preparação para enfrentar as dificuldades do inverno.


No entanto os dados divulgados monstra um crescimento de peregrinos experientes que estão preferindo realizar a peregrinação durante esta estação do ano, conforme veremos a seguir:


No mês de janeiro deste ano de 2020, o número de peregrinos que percorreram o Caminho de Santiago de Compostela, aumentou 21% em comparação ao mesmo período do ano anterior.


Segundo os dados estatísticos divulgados pela Oficina do Peregrino, no mês de janeiro, 1.999 pessoas percorreram o caminho até o Túmulo do Apóstolo São Tiago, destes 62% são do sexo masculino e 38% do sexo feminino.


Apesar de não superar a quantidade de peregrinos do sexo masculino, o número de mulheres aumentou em 36% em relação ao ano anterior, passando de 563 para 765 peregrinas.


Dentre os peregrinos de origem de fora da Espanha (658) destacam-se os coreanos (364), os italianos (173), os alemães (98), os portugueses (79), estado-unidenses (72) e brasileiros (60).


Dos caminhos percorridos em janeiro de 2020, os peregrinos utilizaram preferencialmente a rota francesa (55%); seguindo o Caminho Português (21%) e o Caminho da Costa Português (6%).


Destes peregrinos 38% percorreram em torno de 150 quilômetros e as principais cidades de partida dos foram O Cebreiro, Tui, Valença do Minho, Sarria e Ferrol.



Foto do grupo de amigos retirando a Compostela - Caminho Português (maio/2018)


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Os estrangeiros vêem os brasileiros como incorrigíveis improvisadores, avessos ao planejamento, imagem que acabamos por reforçar, por exemplo, em nossos preparativos para a Copa do Mundo de Futebol. Porém, durante dois anos, orientado por uma amiga de Porto Alegre (RS), planejei trilhar o Caminho Francês até Santiago de Compostela. Não conhecia quase nada do assunto.


Trocamos, então, fata correspondência. Li artigos e livros de peregrinos; assisti a vídeos e documentários; pesquisei o mapa da Espanha e fotos do Caminho. Preparei-me também fisicamente, sempre tendo claro que o escopo principal era buscar, no silêncio do Caminho, um enriquecimento espiritual, um aprofundamento na Doutrina Cristã, um encontro pessoal com o Jesus de Tiago Maior.


Pensei meu Caminho como Retiro Espiritual; em, seguindo a Seta Amarela, onipresente na Via Láctea jacobeia, redescobrir uma nova face do sentido da vida; em dialogar com Deus, com as pessoas no Caminho e com minha alma. Assim, ainda na fase de preparação, permiti que Santiago e seu Caminho entrassem em minha vida.


E você, tem planos de percorrer esta Via Milenar? Não pestaneje. Vá. Antes, porém, treine para ouvir sua voz interior. Desconecte-se do som de seus IPads, Ipods, Iphones, TV, rádio, etc. e comece a conversar com Deus de Tiago.


Não consegue? Abra o Novo Testamento ou seu Salmo preferido e leia palavra por palavra, degustando-as, ruminando cada frase; medite e vivencie cada cena evangélica, interiormente, emoldurando-a numa tela colorida.


Não queira ir ao Caminho para se divertir, fazer turismo barato, quebrar recordes. Caso vá acompanhado, ao caminhar, que cada um siga o seu ritmo.


Ouse caminhar sozinho. Aprecie o horizonte, contemple a Mãe Natureza, converse com ela (ar, água, sol, sombra, árvores, pedras, solo, aves), ame-a profundamente.


Já mesmo hoje, morando em grandes cidades, observe o seu entorno, o agir das pessoas, suas fisionomias. Adivinhe seus mundos interiores (já é um treino). Escute o trânsito. Observe os jardins, a rica arquitetura. Nada se repete: tudo é vida ou gera vida, e neste universo vivo cada pessoa (per-sona = vibra por si) é irrepetível.


Treine ouvir o silêncio; ele mora no Caminho. Se você é religioso, agende alguns dias antes da viagem, uma conversa com seu líder espiritual para limpeza de alma. Se é católico, faça uma confissão geral e comungue.


Já no Caminho, em Roncesvalles, participe da Santa Missa noturna. É como um Ato de Entrega aos cuidados de Santa Maria do Caminho e seu Filho Espiritual, Tiago Maior. São os Anjos Protetores de toda viagem. Receba a benção do Altíssimo e vá repousar. Seu sonho começa a acontecer.


Já na trilha, abandone o orgulho e os vícios. Esconda o celular, descarte os itens de maquiagem. Empunhe o Cajado, vista a Mochila. Olhe o horizonte. Respire fundo e sorria. Você já é um Peregrino rumo a Compostela. Com você e em você o Caminho vive.


Pe. Getúlio Vieira é Padre e membro da Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela (ACACS-SP)



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