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A nossa experiência de organização de Caminhos e Caminhadas está vinculada à experiência que colhemos do Caminho de Santiago, e acreditamos que a cada viagem é possível estimular e nutrir o espírito peregrino entre os participantes.


Em outras palavras, isso significa solidariedade, gentileza, confraternização. Cinco dicas para os participantes das atividades de caminhadas:


1-) Ser pontual.

Uma das características marcantes é a sua pontualidade no momento de iniciar as caminhadas. Essa pontualidade nada mais é do que uma forma de se manter uma boa organização do grupo, bem como garantir o respeito à aqueles que se esforçaram para chegar no ponto inicial na hora certa.


2) Possuir consciência ecológica e/ou desejar desenvolvê-la.

Essa consciência inclui, dentre outras, não deixar lixo (nem mesmo biológico) nas trilhas; não retirar plantas, pedras, conchas, etc.; não molestar os animais e as plantas; não fazer barulho excessivo (gritar ou falar alto); não deixar nomes ou figuras registradas em árvores e pedras; não danificar inscrições rupestres; respeitar as populações locais; etc. Ou seja, é ter sempre em mente o lema: "Não matar nada a não ser o tempo, não tirar nada a não ser fotografias, não deixar nada a não ser pegadas".


3) Possuir espírito de aventura e encarar com bom humor os possíveis obstáculos encontrados durante as caminhadas. 

A caminhada ecológica pressupõe um contato íntimo com a natureza e com todas as suas manifestações, algumas delas agradáveis, outras nem tão agradáveis assim. Desta forma, é comum o grupo se deparar durante as trilhas com chuva forte, sol quente, lama, poeira, mosquitos, marimbondos e outros insetos, tiririca, plantas espinhentas, travessias de rios em pequenas embarcações ou a pé, subir ladeiras, ribanceiras ou em pedras, o cansaço natural após uma longa caminhada, etc.


4) Possuir espírito de grupo, de companheirismo e de solidariedade.

Muitas vezes, as trilhas escolhidas exigem um pouco mais da resistência e bom humor dos participantes. Nessas ocasiões, o espírito de grupo e de companheirismo deve sempre prevalecer e aquelas pessoas mais bem preparadas fisicamente devem compreender que nem todos têm a mesma disposição e devem estar prontas a encorajar e a ajudar as que estão mais cansadas.


5) E ter sempre em mente essas três palavrinhas mágicas: humildade, compreensão e tolerância. 

Esses requisitos nada mais são do que a forma de se garantir o respeito à natureza e aos direitos dos demais integrantes do grupo, e de se manter o padrão de qualidade desejado pelo grupo de caminhada.


Bom caminho a todos

 
 
 

Portal principal do templo 45, por onde saímos. A chegada foi pelos fundos pois optamos vir pela trilha nas montanhas.


A trilha é bem difícil; acredito que com chuva é impossível por causa das subidas e descidas muito íngremes, mas vindo pela trilha não precisamos subir 220 degraus para chegar aos altares dos templos pois a entrada é pelos fundos do templo.


Quando estávamos descendo os 220 degraus para tomar o ônibus, que já nos aguardava lá embaixo, um pouco antes de chegar a este portal tive uma experiência fantástica, que me fez refletir muito sobre o significado do real sentido do espírito peregrino.


Tínhamos programado um passeio a Omogokei, um vale cercado de natureza exuberante, especialmente no outono, com as folhas das árvores tingindo de vermelho as águas cristalinas do riacho que banha as montanhas.


Por conta disso apressei o grupo a obter o carimbo na credencial e descer para aguardar no ônibus. Fui uma das últimas e desci com uma peregrina amiga, vendo com que dificuldade as pessoas subiam os 220 degraus.


Já quase perto do portal me dei conta de que estava sem o chapéu e o wagesa. Tinha tirado o chapéu e os dois acessórios para ir ao banheiro, antes de me dirigir ao escritório do templo e esquecido no banco em frente ao escritório! (o wagesa deve ser tirado para ir ao banheiro e na hora da refeição também).

Como já estavam quase todos esperando no ônibus, desisti de voltar para buscar, para não atrasar o tão aguardado passeio, mas quando comentei com minha amiga, ela imediatamente se propôs a voltar, subindo os quase 220 degraus, para recuperar os dois itens.


Recusei, mas ela subiu correndo, e eu desci uns 15 degraus até o portal onde o marido dela a aguardava. Quando eu lhe contei o que tinha acontecido, ele disparou atrás dela, dizendo que poderia subir mais rápido que ela.

Quando ele já tinha subido uns 20 degraus, cruzou com um peregrino japonês descendo, com o meu chapéu e wagesa nas mãos.


Este senhor desceu perguntando para todos os peregrinos sem chapéu, para encontrar o dono. Disse que tinha cruzado com minha amiga, achou estranho ela estar subindo com tanta pressa, mas não a indagou por ela estar usando chapéu.


Recuperei os meus acessórios, agradeci e esperei o casal voltar para descermos juntos até o ônibus.


Como consequência das chuvas e ventos fortíssimos, por ocasião da passagem do furacão, a entrada ao Omogokei estava fechada, o passeio foi cancelado e fomos direto para o hotel.


Fui refletindo como é bonito o espírito peregrino, que se entrega ao próximo naturalmente, sem medir esforços.

E chego a conclusão de que tenho que evoluir muito, tenho muito a aprender com esses peregrinos fantásticos.

Margarida Sassaki (Margo)


Obs.: A Margô é peregrina que organiza grupos para o Caminho de Shikoku


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Apresentar um relato das emoções e sentimentos vivenciados durante a minha peregrinação no Caminho de Santiago, um registro da minha história e das histórias dos meus antepassados.


O Caminho me proporcionou uma volta ao passado, me fez reviver emoções, pude avaliar os meus erros, as derrotas, os desafios, os acertos e as minhas conquistas.


Contar para as pessoas sobre as minhas origens e sobre o caminho percorrido por meus antepassados, fez com que eu me sentisse motivado a aprender cada vez mais e a exercitar continuamente o autoconhecimento, possibilitando que eu entendesse os meus pensamentos e as minhas atitudes, perdendo o medo de me expor e de expressar aquilo que penso e naquilo em que acredito. Ou seja, aprendi a ser eu mesmo.


Apresento aqui algumas dicas que aprendi no Caminho, e espero que minhas experiências possam ajudar futuros peregrinos, e incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo.


O Caminho de Santiago não exige o mesmo esforço físico e não apresenta a dificuldade de subir montanhas como o Kilimanjaro, o Everest, o Fitz Roy na Argentina, ou até mesmo percorrer o circuito de Torres Del Paine no Chile, por isso entendo que é diferente dos demais, porque possibilita a qualquer pessoa percorrer mais de oitocentos quilômetros desde que tenha um pouco de desprendimento e coragem.


O meu propósito é deixar um registro, um relato da minha peregrinação, do meu Caminho, e compartilhar as minhas emoções com os peregrinos que já percorreram o seu próprio Caminho e que possam se identificar e revivê-lo.


E, por fim, espero que este livro sirva de incentivo para as gerações de peregrinos que estão por vir.


E por tudo isso, compartilho com você e convido a viver comigo o Caminho de Santiago de Compostela, “Um Caminho de Emoções”.

 
 
 
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