top of page

Como devem se comportar os casais no Caminho?

Atualizado: 16 de jul. de 2020


Vou contar algumas experiências que tive dos comportamento dos casais no Caminho de Santiago.


A Claudia e eu no Caminho de Santiago

Como fiquei de contar a nossa experiência de casal, eu e a Cláudia percorremos juntos o Caminho de Santiago a rota do norte a partir de San Sebastian até Santander e depois de Oviedo a Santiago de Compostela.


No primeiro dia, a Claudia e eu estávamos caminhando juntos, iniciamos o caminho apenas os dois, alguns trechos caminhamos sozinhos outros juntos, eu tentava acompanhar o ritmo da Claudia que não era o meu, algumas vezes eu deixava a Claudia sozinha e seguia em frente e depois esperava por ela.


Em um trecho do caminho eu saí em disparada e deixei a Claudia para trás e fiquei esperando ela quando encontrei uma igreja. Esperei por 10 minutos e nada da Claudia chegar, e eu estou lá esperando, esperando..


Olho no relógio e fiquei preocupado, pensei:


— Não acredito que ela tenha demorado tanto tempo assim, deve ter acontecido alguma coisa com ela, vou ter de voltar e ver se encontro por ela.


Quando estou voltando eu vejo uma placa indicativa do caminho que entrava em uma bifurcação em uma trilha e não seguia direto pelo asfalto até a Igreja. O caminho fazia um desvio e não passava por aquela igreja, eu tinha errado o Caminho.


Voltei correndo e peguei o caminho correto. Comecei a andar o mais depressa possível até alcançar a Claudia que estava tranquila caminhando sozinha, ela na hora percebeu que eu estava atrás porque eu tinha pegado o caminho errado.


Depois disto não deixei mais a Claudia sozinha, vai que ela pega o caminho errado e se perde no caminho? (risos)


Casais que caminham juntos e se aproximam de outros casais

Quando estamos caminhando em casal percebi que nos aproximamos mais de outros casais, não sei se é uma regra, mas foi o que aconteceu com a gente no Caminho do Norte.


Conheci algumas histórias de casais que foram juntos para o caminho e encontravam outros casais, se aproximaram e fizeram grandes amizades.


No primeiro dia do caminho ficamos hospedados no albergue da juventude nos quartos destinado para casais, eu pensava que nós ficaríamos só em hotéis ou albergues com quartos para casais.


No segundo dia de caminhada, logo pela manhã, por volta das 10h00 da manhã e eu estava morrendo de vontade de tomar um cafezinho.


No caminho encontramos um casal que estavam na trilha, embaixo de uma bela árvore com um fogareiro e uma cafeteira italiana, fazendo um café. Parece que ele adivinhou da minha vontade de tomar um café e quando passamos na sua frente ele me convidou.


— Bom dia Peregrinos! Querem tomar café?

Eu não pensei duas vezes, na hora aceitei. Ele fez o café na hora, quentinho e bebi toda a cafeteira daquelas pequenas que faz apenas 2 cafés. A Claudia impressionada com a minha atitude falou:


— Você bebeu todo o café do italiano? Não deixou nada para ele?


— Não se preocupe só da para um pessoa eu já tomei o café. — respondeu o Peregrino Italiano.


Para quem pensava fazer o caminho e ficar hospedado só em hotéis e quarto de casal, depois de conhece-los, seguimos o caminho juntos e dividimos os albergues, os cafés, os jantares, as conversas e o caminho.


O Salvatore e a Maria formam um casal bem animado, simpático sempre querendo ajudar a todos os peregrinos.


Eu tinha decidido que nós não iríamos fazer o caminho do Norte completo, depois de Santander pegaríamos um trem até Oviedo e chegaria a Santiago pelo Caminho Primitivo.


Na despedida do grupo em Santander, chegamos no albergue e fomos ao bar ao lado enquanto esperávamos a hora do jantar. Brindamos a nossa amizade e paguei a cerveja para eles.


Ele não estava aceitando que eu pagasse a conta, mas pensou rápido e disse:

— Tudo bem, você paga a cerveja e a noite vamos jantar no albergue e vocês serão os nossos convidados.


Olha, ele fez uma macarronada com frutos do mar maravilhosa. Eu já até tentei fazer para ver se conseguia fazer algo parecido, só que não consegui que ficasse igual.


Eu já pedi em restaurantes italianos, não teve jeito, a macarronada dele foi imbatível, além dos frutos do mar frescos teve o toque especial do molho preparado pelo italiano.


Eu nunca comi uma macarronada tão gostosa como aquela na minha vida.


Eles sempre que podem compartilham as fotos dos caminhos que eles percorrem pela Itália e Espanha.


Brigas por ciúmes no Caminho


Os casais devem tomar cuidado de não ter ataque de ciúmes no caminho. Um casal de jovens que encontramos no caminho, ele de cara fechada, falava pouco e nem cumprimentava e desejava bom caminho e não se aproximava de ninguém no albergue, só ficava ao lado da esposa.


Ela era o contrário do marido, simpática estava sempre com sorrindo no rosto e muito alegre, cumprimentava e dava atenção a todos peregrinos. Desejava bom caminho e cumprimentava a todos no albergue.


Até que um dia no final de tarde dentro do quarto no albergue, à frente de todos os demais peregrinos, começaram a discutir, primeiro baixinho e depois percebi que o tom de voz foi aumentando.


Quando percebi as coisas começaram a ficar mais tensa, eu fiquei só de "rabo de olho" observando para ver se ele não partiria para a agressão física a namorada.


Posso até estar enganado porque eles são de um país diferente e cultura diferente a dos Brasil e não entendia nada do que eles falavam, e nem sei dizer qual era o idioma que eles falavam, só entendia pela expressão dos dois que se tratava de uma briga de casal por ciúmes dele para com a esposa.


Depois desta noite, não encontramos mais com o casal de peregrinos pelo Caminho até Santiago de Compostela.


Casal em lua de mel no Caminho

Um segundo casal de jovens que encontrei no caminho em Calzadila de la Cuesta, o hospitaleiro nos mostrou o casal que casaram e viajaram em lua de mel para o Caminho de Santiago.


Até aí nada demais, acontece que naquele dia no albergue fazia muito calor, uma tarde com muito sol.


Neste albergue tem uma piscina, e ela para descansar da caminhada e aproveitar o dia de sol e calor, ela colocou um biquíni fio dental e foi tomar sol na piscina como se estivesse em uma praia no litoral do Brasil.


Ela era atração e chamava a atenção de todos os peregrinos homens do albergue, que depois de peregrinar ficavam na piscina para descansar e ver a peregrina que estava tomando sol. Ela chamava a atenção de todos que estavam hospedados no albergue.


Temos que tomar cuidado com estas coisas no Caminho de Santiago, se não começam a generalizar que todas as mulheres gostam de se mostrar para chamar a atenção dos homens é muito ruim.


O hospitaleiro o Nenê que é brasileiro me disse que falou para o rapaz tomar cuidado com a esposa, ele não se importou e ela só saiu da piscina quando já não havia mais sol.


Tudo bem que não se deve ter ciúmes, mas não vamos exagerar e fazer do caminho e do albergue como se estivéssemos na nossa casa ou na praia no Brasil,


Nos albergues temos que nos comportar com respeito e respeitar os demais peregrinos que estão no caminho com a gente.


Um Casal de jovens

Encontramos um casal de jovens que percorrem o caminho com pouco dinheiro, em Castrojeriz.


O objetivo dos dois era percorrer o caminho com pouco ou quase sem dinheiro.


Assim, ficavam hospedados somente nos albergues municipais e religiosos, viviam o dia a dia sem pensar no futuro e nos dias seguintes, assim despertavam a sua criatividade de como eles deveriam se alimentar e se manter todos os dias do caminho.


Cozinhavam no albergue e ajudavam um ao outro, caminhavam sempre juntos e um não desgrudava do outro o tempo todo.


Um ótimo casal que fizemos amizade no caminho e demos os nosso lanche para eles comerem. Eles estavam morrendo de fome.


Um Casal com ótima sintonia.

No meu primeiro caminho encontrei em Hospital de Orbigos, um casal com ótima sintonia e bem diferente um do outro:

Ela com a aparência de uma filipina, com olhos puxados, pele morena queimada do sol, cabelos pretos. Ele aparentava um alemão, loiro de pele branca e alto.


Eu olhava para os dois e aparentemente não via um casal, eles eram muito diferente um do outro.


Ele falava francês e inglês, e ela falava espanhol, francês e inglês. Diante da familiaridade da língua, os homens conversavam só com a moça em espanhol e a nossa amiga a Karina conversava com o rapaz em inglês.


Enquanto estávamos no caminho, ele não caminhavam juntos, não ficavam um grudado o tempo todo um no outro, parecia que nem eram um casal. Eles davam liberdade um para o outro e cada um contava a sua história para os novos amigos.


Quando nos reunimos no jantar até começava uma conversa em comum em inglês, mas logo o Simon se voltava para a nossa amiga a Karina e conversavam em inglês e a Ana conversava com os homens em espanhol.


Eu sem querer me intrometer na vida deles não perguntei nada sobre o assunto, se tinham acabado de se conhecerem, se estavam namorando, se eram noivos ou se eram casados.


Quando nos separamos do casal em Astorga e fomos conversar entre a gente sobre o casal, eu comentei com o Ernesto :


— Eu acho que eles são só amigos, ou se conheceram aqui no caminho. Não vi nada entre que demonstrasse que eles eram um casal.


— Não, pelas histórias que ela contou eles vieram juntos do Canadá e são namorados. — disse Ernesto.


E foi quando veio a Karina e disse:


— Não, não eles são casados!


Eu achei aquilo incrível, depois de viver a experiência da briga de casais por ciúmes, encontramos um casal que estavam em perfeita harmonia onde cada um respeitava a liberdade e a individualidade de cada um no caminho.


Quando estávamos descendo a Cruz de ferro encontramos o casal novamente, e esta foi a primeira vez que os vi caminhando de mãos dadas na descida da Cruz de Ferro até Molinaseca.


Hoje somos amigos nas redes sociais e eles já tem 2 filhos, eles decidiram ter os filhos depois de terem percorridos o Caminho de Santiago.


Bom Caminho para você, bom Caminho para sua vida!


Abraços Peregrinos


Paulo Bertechini


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page